terça-feira, 21 de outubro de 2008

Acordando(3)

"Corram!! Busquem um médico agora!" Gritava uma voz grave e ainda rouca pelas imensas horas de choro, o Presunto seguiu a voz com o olhar procurando sua origem, encontrando-a em um senhor já em seus 50 anos, longilíneo, coberto em vestes negras, com cabelos curtos, com leves sinais de queda, e barba cheia, ambos negros com sinais grisalhos que denunciavam sua meia idade. Neste momento um sentimento familiar tomou-lhe todo o interior. O homem sorriu e com lágrimas a escorrer, abriu o braços e rumou em direção ao que antes chamava por: "Meu Filho! você está vivo!" Mergulhando logo em seguida em novo pranto, agora de alegria. O presunto, desprovido de memória, retribuiu com dois tapinhas nas costas o firme e emocionado abraço paterno.
Rapidamente chegou ao local um médico, que devido as pequenas dimensões espaciais da cidade, tinha convenientemente seu consultório localizado perto da pequena igreja. O presunto ainda confuso, passou então de analisador a analisado, enquanto o médico fazia as dezenas de procedimentos,já ultrapassados, para confirmar o estado real do paciente."Abra a boca. Ponha a língua pra fora." E assim seguiu examinando até que o presunto interveio: "Você pode parar de me examinar? Eu estou muito bem! Não entendo o que está acontecendo aqui. A poucos minutos estava no banheiro de minha casa e derrepente estou aqui! Quem são vocês e o que está acontecendo aqui?" Agora tudo era silêncio. A população abismada com as perguntas do presunto ressuscitado, não sabia o que dizer. A antes figura misteriosa aproximou-se. " O moço quer uma explicação?" Disse uma voz feminina suave, articulada por carnudos lábios vermelhos. "Você estava morto! Esta situação trata-se apenas de um velório realizado em sua memória" O presunto chocado com sua nova situação pergunta:"Se isto é meu velório, como eu morri?" "Assassinado." "Quem..." "O homem que está ao seu lado segurando sua mão." Estarrecido pela cena, o presunto lateralizou-se para contemplar o homem que antes o chamara de filho a segurar sua mão em prantos.
(...)

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